
Antônio Picolé e o Pastor Lins
Caros leitores do Portal Pereira News que acompanham a política municipal de Alagoinhas e o processo eleitoral do ano de 2024,
Na última semana, mais precisamente na última quarta-feira (22) pela manhã, o vice-presidente municipal do Partido Liberal (PL) em Alagoinhas, o empresário e advogado Antônio José Picolé de Oliveira chocou a todos durante entrevista concedida ao Programa Primeira Mão da rádio 2 de Julho, que tinha como pauta a divulgação da lista dos 22 pré-candidatos a vereador para o Município de Alagoinhas pela sigla.
Inicialmente Picolé explicou que 4 desses pré-candidatos sairiam da lista em função da lei eleitoral, que só permite ao final 18 candidatos (total de cadeiras do legislativo 17 + 1=18).
Mas antes mesmo de se iniciar a entrevista, a primeira pergunta que todos se faziam era:
“Porque o Presidente Municipal da legenda em Alagoinhas e até então pré-candidato a prefeito, o Pastor Lins não está presente nesta importante entrevista?’’
Até então muitas interrogações e poucas explicações.
Mas o grande fato que deixou não somente a bancada do programa, mas também toda a audiência perplexa foi no momento em que Picolé anunciou o nome do Pastor Lins como pré-candidato a vereador pelo PL para o Município de Alagoinhas, especulando ainda que o líder religioso poderia vim a se tornar o futuro Presidente do Legislativo.
Segundo Antônio José, o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro teria muito mais condições de eleger vereadores em Alagoinhas do que disputar a eleição majoritária com chances reais de vitória, baseado nos cálculos realizados pelo mesmo.
Minutos depois da declaração, para a surpresa de todos ali presentes, o Pastor Lins entra no estúdio e desmente o que foi dito pelo seu colega correligionário já no limite do término da edição do dia.
No apagar das luzes ao utilizar o microfone, Lins afirmou não saber das procedências relatadas pelo companheiro e reiterou que permanece ‘pré-candidatíssimo’ para o cargo de prefeito de Alagoinhas pelo PL. Acusou ainda as palavras expressas como “fake news”.
Surpreendido com a aparição da liderança pastoral e partidária naquela ocasião, o empresário ficou sem respostas e relatou (em off) que iria resolver essa questão diretamente com a Executiva Estadual do Partido.
Meses antes, mais precisamente em Março, ambos estiveram juntos presentes neste mesmo local anunciando o lançamento do Pastor Lins como pré-candidato a Prefeitura do Município, mostrando estarem intrinsecamente unidos em prol de um novo projeto para Alagoinhas, baseado nos princípios bolsonaristas.

Lins e Picolé juntos em Março
O que de fato teria ocorrido durante esse intervalo de dois meses na relação entre o presidente e o vice-presidente da legenda?
Para decifrar este enigma é necessário estar por dentro dos pormenores existentes por trás das câmeras e atrás das cortinas da cenografia política.
ENTENDENDO OS FATOS
Primeiramente, devemos entender de que forma a Presidência Municipal do PL de Alagoinhas veio a cair nos braços do ex-vereador Pastor Lins.
Em acordo estabelecido no Diretório Estadual, que tem como Presidente o ex-Ministro da Cidadania João Roma, o(a) Deputado(a) mais votado(a) de cada Município baiano teria o direito de indicar um nome para presidir o respectivo Diretório ou Comissão Provisória Municipal, à fim de organizar a cidade para o pleito eleitoral do ano de 2024.
Como em Alagoinhas o Deputado Federal Capitão Alden foi o parlamentar do PL mais votado, lhe foi outorgado o direito de realizar a indicação.
Por desconhecer os personagens gerais da política alagoinhense, o Capitão recorreu ao seu conhecido colega de turma da época da Polícia Militar, o vereador Anderson Baqueiro, o qual mantém uma boa relação. Apesar de não ser filiado ao PL, Baqueiro possui simpatia pela Direita no âmbito nacional e decidiu em um primeiro momento indicar o nome de Thiago Conceição para a Presidência do Partido. Devido seu passado com o Partido dos Trabalhadores, o nome de Thiago foi vetado, vindo a indicar como segunda opção o ex-vereador Pastor Lins, que possui um amplo alinhamento ideológico e um perfil adequado para o que a legenda aspirava naquele momento.
Tendo uma conduta de muito trabalho no Município nas eleições do ano de 2022, o advogado Picolé se tornou vice-presidente municipal do partido como forma de auxiliar na estruturação da sigla para o processo de 2024 ao lado de Lins.
DIA SEGUINTE
Um dia após ao programa tenso, no dia 23 de maio (quinta-feira) os líderes do PL de Alagoinhas foram convidados pelo mesmo programa para esclarecer melhor esta delicada situação.
Com a ausência de Picolé, que aguarda um posicionamento do João Roma, o Pastor teve tempo de sobra para expor suas visões e impressões de toda essa celeuma repercutida regionalmente nas últimas 24 horas.
Segundo o Pastor Lins, ele foi pego de surpresa com as declarações do vice-presidente do PL de Alagoinhas, mas que ao estar na escuta do programa e sentir o teor da eventualidade, decidiu de antemão se deslocar para próximo do estúdio, como se já estivesse prevendo o que vinha a acontecer.
De acordo com Lins, já havia nos últimos dias um clima ruim entre as duas figuras, o qual não sabia explicar ao certo o que era.
Mas que ao saber que o vice iria conceder uma entrevista em nome do Partido sem comunicá-lo enquanto presidente, pressentia que algo novo estaria por vir.
Lins alegou desconhecer quem concedeu Poder ao Picolé para anunciar a lista dos pré-candidatos à vereador do Município (que posteriormente foi negada por vários destes nomes) e também barrar uma pré-candidatura majoritária que representa uma coletividade de pessoas que pensam semelhante sob o ponto de vista de ideais.
O líder evangélico completou ainda não saber quais eram as reais intenções de Antônio para atropelar esse processo construído e chamou a atitude do advogado de “infeliz”.
UM NOVO PERSONAGEM
Perguntado pelo radialista Caio Pimenta o que teria acontecido que estremeceu o relacionamento entre o Pastor e o Advogado nos últimos meses, Lins apontou que “vaidades” e “dedos ocultos” começaram a aflorar ao redor da sua pré-campanha e que conspirações dentro da própria agremiação, contrárias ao seu nome, começaram a se pactuar como forma de ganhar força suficiente para “passar-lhe a rasteira”.
Lins relatou que amigos de confiança já o aconselhavam a estar com os olhos “bem abertos” devido a fofocas que já ocorriam pelas suas costas, como forma de desgastar sua honra e a sua imagem.
O Presidente Municipal do PL trouxe mais um personagem para a esta dramaturgia política, que segundo ele, trata-se de um nome relacionado ao comércio da cidade.
Como diz o ditado popular “para bom entendedor, meia palavra basta”, ficou evidente para os acompanhantes da política alagoinhense que se referia ao empresário recém filiado ao PL Domingos Pereira ou Domingos da Kidoce, que nos últimos tempos tem mostrado bastante intimidade com Picolé.
Lins informou ainda que o respectivo empresário do ramo de delicatessen não consegue aceitar o fato de não ter sido aceito pela antiga sigla (NOVO) e agora traz problemas para a nova sigla (PL).
De acordo com Lins, Domingos se deslocou até o Município de Feira de Santana buscar apoio, porém bateu na mesa e ainda causou vergonha para os cidadãos alagoinhenses.
O Pastor deixou nas entrelinhas de que a real intenção da ida de Domingos à Princesa do Sertão foi para tentar ser o candidato “na tora”.
Lins finalizou dizendo que “interesses pessoais estão sobrepondo interesses coletivos” e que aguardará uma decisão oficial do Diretório Estadual do Partido Liberal.
DOMINGOS PEREIRA
Para se defender das falas proferidas pelo Pastor Lins no Programa Primeira Mão, poucos minutos após o final da entrevista, o empresário Domingos Pereira utilizou as redes sociais para contar a sua versão dos fatos enunciados.
Domingos afirmou ter conhecido João Roma de maneira casual em um restaurante enquanto ainda estava filiado ao Partido Novo, quando conseguiu através do mesmo o número da secretária (de Roma) para marcar uma reunião formal à fim de discutir uma possível aliança das siglas para o pleito eleitoral de Alagoinhas em 2024.
Alguns dias antes da reunião, Domingos alegou ter sido procurado em seu escritório pelo Pastor Lins, que alegou estar “inseguro” no cargo de Presidente Municipal do PL.
No dia da reunião entre Domingos e Roma em Salvador, o empresário relatou ter recebido uma ligação de Picolé para também participar, mas a secretária barrou esta possibilidade, em função das conversas serem apenas individuais. Domingos afirmou ter se filiado neste dia na capital baiana.
Ele destacou ainda que sua real intenção em conversar com Roma naquela data seria buscar informações de como poderia se viabilizar para ser candidato a Deputado Federal no ano de 2026 e quais eram os pré-requisitos exigidos pelo Partido.
Sobre os “tapas na mesa” alegados pelo Pastor, Domingos explicou que isso aconteceu no Município de Feira de Santana quando foi se reunir quando o Capitão Alden (encontro esse que acabou não acontecendo), e que a discussão teria ocorrido com o Presidente do Diretório Municipal do PL em Feira, em que ambos teriam se exaltado.
Domingos opinou que o Pastor está “muito inseguro” nessa posição em que está e que “uma pessoa que não conseguiu se reeleger para vereador, não tem condições de ser prefeito. Que as próprias pesquisas mostram isso”.
Por fim, Domingos falou que a decisão do PL colocar o líder religioso protestante como Presidente Municipal do grupo em Alagoinhas foi uma deliberação “equivocada” e enfatizou que “por debaixo dos panos” o que corre nos bastidores da política alagoinhense é de que Lins trabalha para o pré-candidato Gustavo Carmo e para o vereador Anderson Baqueiro, como uma espécie de ‘Padre Kelmon’ para atrapalhar os planos do ex-prefeito Paulo Cézar.

Empresário Domingos Pereira
CONCLUSÃO
Tão certo quanto a morte, é que o campo da direita em Alagoinhas encontra-se completamente desorganizada e desaparelhada.
Os 26.077 que Jair Bolsonaro obteve no Município em 2022 encontram-se pulverizados dentre as diversas pré-candidaturas apresentadas até então.
A falta de unicidade das forças conservadoras e evangélicas na cidade em benefício de programas de governo simbolizados em um único quadro favorece os projetos dos principais adversários, que possuem amparo maior, devido ao Governo Estadual e Federal.
Essa novela política que circunda o PL de Alagoinhas não termina por aqui. Novos episódios e novos enredos virão pela frente.
A principal expectativa até aqui é sobre qual atitude as lideranças estaduais tomarão para tentar aparar os danos causados por esta implosão.
No Portal Pereira News você ficará bem informado sobre a conturbada Eleição de 2024 e o que acontece nas minúcias da política alagoinhense.
Por: Ícaro Pereira – Editor do Portal Pereira News