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O novo titular do Ministério da Previdência Social, Wolney Queiroz, está no centro de um episódio que voltou a ganhar repercussão após a saída do ex-ministro Carlos Lupi. Quando ainda exercia o mandato de deputado federal, em 2021, Queiroz assinou uma emenda legislativa que resultou no afrouxamento dos controles sobre descontos aplicados diretamente nos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os recursos abatidos eram destinados a sindicatos, e o mecanismo agora figura como um dos principais pontos investigados em um escândalo bilionário de desvios.
Confira detalhes no vídeo:

A proposta articulada por Queiroz e outros parlamentares da base governista derrubou uma norma estabelecida durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A regra anterior exigia que os beneficiários do INSS autorizassem anualmente os descontos realizados em seus pagamentos, o que servia como uma forma de controle individual e periódico para evitar abusos. Com a mudança promovida pelo Congresso, essa autorização passou a ser exigida apenas a cada três anos, o que ampliou o tempo de vigência automática dos descontos e reduziu o acompanhamento ativo por parte dos segurados.
A flexibilização da regra foi defendida na época como uma medida de simplificação administrativa e de fortalecimento das entidades sindicais, mas acabou se transformando em um instrumento que, segundo apontam investigações em curso, pode ter favorecido fraudes e cobranças indevidas. Os valores acumulados por meio dessa prática alimentaram um esquema de desvios que está sendo investigado pela Polícia Federal e por órgãos de controle.
A atuação de Queiroz nesse processo legislativo agora levanta questionamentos, especialmente diante de sua recente nomeação para chefiar a pasta responsável pela gestão da Previdência. Embora sua participação tenha ocorrido enquanto deputado, o envolvimento direto na elaboração da emenda gera debate sobre possíveis conflitos e a conveniência de sua permanência à frente do ministério num momento de crise no setor.
A substituição de Carlos Lupi ocorreu após denúncias de irregularidades envolvendo justamente os repasses de recursos a entidades sindicais, em grande parte por meio dos descontos nos benefícios do INSS. A repercussão política levou à sua saída do cargo e abriu espaço para a entrada de Queiroz, cuja relação com o tema agora ganha nova dimensão.
Além das implicações políticas, o caso reacende discussões sobre a transparência nos processos de desconto automático nos benefícios previdenciários e sobre os mecanismos de controle disponíveis aos segurados. Com mais de 39 milhões de beneficiários ativos, o INSS movimenta uma das maiores folhas de pagamento do país, o que torna o sistema particularmente vulnerável a fraudes estruturadas.
Com o novo ministro diretamente ligado a uma mudança legislativa que facilitou a aplicação desses descontos, cresce a pressão para que o governo revise as regras em vigor e fortaleça os mecanismos de supervisão. O episódio coloca novamente o sistema previdenciário no centro do debate público e expõe os desafios de equilibrar eficiência administrativa, direitos dos beneficiários e integridade na gestão de recursos públicos.
Fonte: pensandodireita.com