
Foto: Divulgação / Assessoria / Câmara Municipal de Alagoinhas
Vinte e cinco anos depois, a cidade ainda não colheu os frutos das demandas populares. A virada do século trouxe uma reviravolta também na vida política de Alagoinhas. As eleições do ano 2000 apagaram as estrelas de duas constelações que marcaram, cada uma a seu modo, suas presenças na política local: Murilo Cavalcanti, por 42 anos, e Judélio Carmo, por 34 anos.
Esse fato abriu caminho para o surgimento de Joseildo Ramos, eleito em 2000, representando o então pequeno Partido dos Trabalhadores (PT), cujo principal mérito foi arrumar e adequar a prefeitura para os novos tempos.
Na época, foi lançado o Orçamento Participativo (OP), teoricamente digno de aplausos, mas alvo de críticas na prática. Não chegou nem perto de ser um clone do OP implantado por José Ayrton Cirilo em Icapuí, no Ceará, em 1993, onde o orçamento foi realmente produzido e aplicado com efetiva participação popular.
Em Alagoinhas, as demandas populares, apresentadas por grupos restritos de associações, foram adiadas de ano para ano, mesmo quando contempladas com fatias de recursos para projetos pontuais e de pequena relevância, semelhantes ao que é frequentemente feito nas câmaras municipais.
Com a eleição de Gustavo Carmo, embasada em uma forte composição partidária, o PT retorna ao poder na cidade, embora em condição secundária, e o OP volta a ser anunciado como uma das ferramentas a serem reativadas.
A reforma conduzida por Gustavo registra a criação da Superintendência de Participação Popular (SPP), que “tem por finalidade promover e coordenar ações que assegurem a participação ativa da sociedade civil nas decisões e processos governamentais, garantindo a transparência, a inclusão e a efetividade das políticas públicas; fomentar e apoiar a criação de espaços e instâncias de diálogo entre o governo e as comunidades; monitorar e avaliar as ações de participação popular, propondo melhorias para garantir que os processos participativos sejam acessíveis e efetivos”.
No entanto, não há menção à formulação do orçamento de forma participativa, como alguns petistas têm defendido.
Atualmente, a cidade está carente de um choque infraestrutura.
Mobilidade, acessibilidade, estacionamento, transporte público e estrutura cicloviária são algumas das necessidades urgentes de Alagoinhas, uma cidade que não dispõe de largas avenidas nem de infraestrutura suficiente para atender às demandas de seus moradores e visitantes.
Os recursos próprios disponíveis para investimentos, assim como aqueles provenientes de outras esferas, devem ser direcionados para essas necessidades inadiáveis, capazes de mobilizar a participação popular.
O OP petista está longe de ajudar a resolver os problemas que Alagoinhas enfrenta. Já demonstrou isso no passado.
O momento exige um trabalho moderno e compatível com o crescimento e o desenvolvimento do município. Alagoinhas não pode mais ser gerida por amadores e sonhadores.
Por: Belmiro Deusdete – Colunista do Portal Pereira News