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O colunista do Portal Pereira News trouxe análises referentes ao segundo turno das eleições municipais de 2024
A tendência ao centro se confirma no segundo turno das eleições municipais. Agora, quem perdeu mais a direita ou a esquerda? Nas capitais, o PT só elegeu o prefeito de Fortaleza. Em São Paulo, pode-se cravar uma vitória, não muito clara, da direita, com Ricardo Nunes (59,56% dos votos), batendo Guilherme Boulos (40,43% dos votos), considerando que o candidato eleito tenha tendências tucanas. Em Porto Alegre, o PT perde com uma diferença de votos equivalente. O PL vence em Aracaju e em Cuiabá.
Contudo a vitória de Nunes, agora prefeito eleito, pode também se somar à predominância centrista, pois é capaz de pender para qualquer lado ou fortalecer uma candidatura antipolar para presidente em 2026. Bom lembrar que o governador Tarcísio de Freitas sai fortalecido.
Existe um lado a se comemorar que é a sinalização de que a polaridade, que tanto prejudicou o país, está perdendo força.
Parece que todos já se cansaram da contenda que já dura seis anos. O partido do presidente está fora do ABCD paulista, sua origem política. O `PT envelheceu e perde o vigor da juventude e na prática de 20 anos no poder, não mostrou diferença substancial diante de uma realidade que passou duas décadas criticando. A estrela vai virando uma sigla menor, enquanto a direita se revigora e mostra jovens lideranças.
A esquerda perde Diadema e mesmo em Fortaleza, onde venceu apertado, já não tem a prevalência de antes. Domina cidades pequenas, especialmente na Bahia e em Minas Gerais. Isto significa que terá influência sobre uma parcela da população bem menor do que nos tempos em que Lula apresentava aceitação de perto de 90%. Em Camaçari, o embate direto entre a esquerda e a direita foi também acirrado. Com 50,92% dos votos, Luiz Caetano vence Flávio, do União Brasil, que teve 49,08% dos votos.
Essa predominância do centrão tem seu lado negativo, retrata a força de lideranças locais como Jader Barbalho no Pará e também o uso da máquina pública, bem como a influência das emendas parlamentares. Isto significa que a cultura da corrupção ainda impera e resiste firmemente. Neste aspecto, as derrotas do PL, que mais representou o voto antissistema, foram por pequena quantidade de votos, o que indica que parte da população vem se politizando e mantém acesa a esperança de viver sob governos eficientes e éticos.
O antipetismo, que ficou claro, mostra que o brasileiro não aceita o argumento de que os fins justificam os meios ou seja,”roubamos para o seu bem”. Esta narrativa foi rejeitada categoricamente. Esta estória de “roubamos em nome do paraíso socialista” não cola mais e a esquerda é a grande derrotada nestas eleições. A direita sobrevive, justamente pelo discurso da ética e da competência, mas isto não é suficiente.
Os conservadores precisam organizar seu próprio partido e trabalhar muito para provar que o liberalismo é a saída, mas terá que entender que a população ainda necessita do amparo do estado e rever o machismo e a homofobia bíblicas. Talvez um novo tucanato, honesto, possa surgir, talvez seja o Partido Novo, o PSD não será, pois é justamente o velho tucanato abraçado com o Centrão. Outra esperança é de que os muitos petistas honestos saiam do anonimato e assumam o protagonismo, desbanquem os corruptos, que nunca deveriam ter vez. Enfim, recomeçar, só asssim conquistará novamente a juventude, se provar que o socialismo pode ser democrático, ético e eficiente.
Por: Paulo Dias – Colunista do Portal Pereira News