Senador também defendeu o general Augusto Heleno: ‘ele jamais compactuaria com Abin paralela’

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República no governo Jair Bolsonaro, pediu para que os comandantes das Forças Armadas reajam à série de operações da Polícia Federal (PF) que têm mirado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-auxiliares e aliados.
Em discurso na tribuna do Senado nesta quinta-feira (8), Mourão disse que o país “ vive uma situação de não normalidade” e está “caminhando para a implantação de um regime autoritário de fato”.
“No caso das Forças Armadas, os seus comandantes não podem se omitir perante a condução arbitrária de processos ilegais que atingem seus integrantes ao largo da Justiça Militar. Existem oficiais da ativa sendo atingidos por supostos delitos, inclusive oficiais generais. Não há o que justifique a omissão da Justiça Militar”, afirmou.
Depois, questionado por jornalistas, o senador disse que se referia especialmente à Justiça Militar, para que membros das Forças Armadas que eventualmente tivessem cometido irregularidades respondessem nessa instância.
“Existe a Justiça Militar. Nós temos militares que eventualmente podem ter cometido crimes em função militar. Esse é um objeto que o Exército deveria ter aberto há muito tempo, o Inquérito Policial Militar”.
Na avaliação do parlamentar, os militares haveriam de ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e outras instâncias da Justiça comum apenas se, ao longo da investigação, fosse comprovado o cometimento de “algum tipo de crime que não fosse afeto à Justiça Militar”.
Na mesma entrevista, Mourão defendeu o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno. O ex-colega de governo é investigado no âmbito da “Abin paralela” que apura um suposto esquema de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência durante a gestão de Bolsonaro, e no caso da suposta trama de um golpe de Estado por parte do ex-presidente da República e outros auxiliares.
“Eu tenho absoluta certeza, minha convicção, de que ele jamais compactaria com algum tipo de entidade, vamos dizer, essa tal Abin Paralela, encarregada de investigar a reveria da legislação à vida de pessoas”
Segundo as investigações da PF, Heleno ainda teria dito a Bolsonaro, em julho de 2022, que se “tiver que virar a mesa é antes das eleições”. A fala foi feita em meio à tentativa para manter Bolsonaro no poder, com o risco de derrota nas eleições daquele ano. Três meses depois da conversa, Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Heleno também disse ter sua visão “clara” de que seria necessário “agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas.
Fonte: O Tempo